Estima-se que um terço das pessoas do planeta sejam cristãs, incluindo os cristãos nominais (não praticantes). Apesar deste número expressivo de pessoas professando a fé cristã, mais de um terço da população mundial ainda não ouviu falar de Jesus. Neste artigo vamos explorar o Panorama do Cristianismo e da Evangelização Mundial no Século XXI.
Neste artigo você vai ler:
1. Mais de 1/3 do Mundo Não Conhece Jesus
Calcula-se que a família cristã global seja composta por 2,5 bilhões de pessoas (cerca de um terço da população). Isto inclui católicos, ortodoxos, protestantes e independentes.
Segundo dados da organização cristã Joshua Project , 42,3% da população mundial ainda não teve a oportunidade de conhecer Jesus e nem os evangelhos.
Isto corresponde a cerca de 3,12 bilhões de pessoas, o que significa dizer que mais de 1/3 da população mundial nunca ouviu falar de Jesus.
A situação mais crítica está na Ásia, onde 60% da população ainda desconhece Cristo.[1]
2. O Que Mudou no Útimo Século
A terceira edição da Enciclopédia Cristã Mundial apresenta um retrato global do cristianismo e mostra que nos últimos 120 anos, houve muito pouca variação na porcentagem do mundo que é cristã.
Essa relativa estabilidade, no entanto, encobre um fenômeno demográfico interessante: o deslocamento do cristianismo do norte para o sul do globo.[2]
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Em 1900, o cristianismo correspondia a 34,5% da população mundial; em 2020, o número era de 32,3%.
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Em 1900, 82% de todos os cristãos viviam na Europa e na América do Norte; em 2020, esse número caiu drasticamente para 33%.
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Por consequência, o hemisfério sul acomoda 67% dos cristãos.
A pesquisa mostra outros dados relevantes:[2]
- Em 2018, a África tornou-se o continente com o maior número de cristãos, superando a América Latina, que já havia superado a Europa em 2014.
- o cristianismo também tem se tornado cada vez mais urbano, com o surgimento de cidades no sul global com grandes populações cristãs, como Lagos e Kinshasa.
- o cristianismo se tornou uma religião majoritariamente não branca (a maioria dos cristãos não são da raça branca, como no início do século passado).
- A língua com mais falantes cristãos é o espanhol, seguido por inglês, português, russo (por causa dos cristãos ortodoxos) e chinês mandarim.
- A África é aclamada como uma “história de sucesso” do cristianismo mundial, com um crescimento na porcentagem de cristãos de 9%, em 1900, para 49% em 2020. A República Democrática do Congo tem o crescimento mais significativo, subindo de 1% a 95% no mesmo período.
- A Ásia é conhecida por sua diversidade religiosa e, nesse gigantesco continente, o cristianismo cresceu de 2% em 1900 para 8% em 2020. O crescimento mais rápido ocorreu entre as igrejas domésticas na China, que hoje corresponde a 56 milhões de cristãos.
- A América do Norte experimentou um declínio (de 97% para 72%), mas é o continente onde está o país com o maior número de cristãos, os Estados Unidos.
- O caso mais significativo de encolhimento do cristianismo é a região Norte da África e Ásia Ocidental, que inclui Iraque, Síria, Israel, Palestina e Turquia. Essa região esteve sob enorme pressão nos séculos 20 e 21 e testemunhou uma queda vertiginosa em sua população cristã, de 12,7% para 4,2% em 2020. A Turquia, em particular, era 22% cristã em 1900 e sua porcentagem de cristãos hoje é de apenas 0,2%.
3. O Cristianismo na Europa
A Europa tem se tornado menos cristã nos últimos 120 anos, decrescendo de 95% para 76%, sendo a maioria cristãos não praticantes.[2]
A pesquisa “Being Christian in Western Europe” do Instituto PEW, de 2018, mostra que pessoas que se identificam como cristãos, mas frequentam os cultos da igreja não mais do que algumas vezes por ano compõem a maior parcela da população em todos os países da Europa Ocidental, exceto na Itália (onde há empate em praticantes e não praticantes).[3]
Vale lembrar que estudo inclui todos os tipos de cristãos – católicos, protestantes ou ortodoxos.
A Europa tem se tornado menos cristã nos últimos 120 anos, decrescendo de 95% para 76%, sendo a maioria cristãos não praticantes.[2]
A pesquisa “Being Christian in Western Europe” do Instituto PEW, de 2018, mostra que pessoas que se identificam como cristãos, mas frequentam os cultos da igreja não mais do que algumas vezes por ano compõem a maior parcela da população em todos os países da Europa Ocidental, exceto na Itália (onde há empate em praticantes e não praticantes).[3]
Vale lembrar que estudo inclui todos os tipos de cristãos – católicos, protestantes ou ortodoxos.
4. Povos Não Alcançados (PNA)
Antes de falarmos em povos não alcançados precisamos entender o que significa “povo”.
Com 7 bilhões de pessoas no mundo, temos 193 países reconhecidos internacionalmente e mais de 16 mil povos.
Quando Jesus disse aos discípulos para irem a todas as nações as palavras gregas que ele usou foram Ta Ethne, que significa “todos grupos étnicos ou povos”.
Segundo o dicionário, povo é um conjunto de pessoas que falam a mesma língua, têm costumes e interesses semelhantes, histórias e tradições comuns, vivem em comunidade em um determinado território, nação ou sociedade.
No Brasil, por exemplo, apesar de todos nós estarmos em um determinado bloco geográfico e sermos todos brasileiros porque fazemos parte do mesmo país, possuímos 323 povos espalhados pelo nosso território.
Cada povo possui sua língua, história e cultura. Ex: Tupinambá, Caiapó, Ciganos, Tamoio, etc.
Segundo o Joshua Project, um povo não alcançado é uma etnia que possui menos de 2% de cristãos evangélicos ou menos de 5% de cristãos confessos de todas as tradições.[4]
O termo PNA surgiu para definir um grupo de indivíduos no qual não há uma comunidade nativa de crentes (cristãos) capazes de evangelizá-lo.
Dos 16 mil povos do mundo, 7 mil são considerados Povos Não Alcançados (PNA).
5. Povos de Fronteira
Mais de metade dos povos não alcançados tem tão poucos crentes dentro do seu povo que eles não têm nenhuma chance de ouvir sobre Jesus a partir de pessoas que eles conhecem.
Estes povos, onde não existe nenhum movimento para Cristo e nenhum avanço da fé autóctone são chamados “povos de fronteira”.
O Joshua Project considera “povos de fronteira” os povos não alcançados sem movimentos autóctones para Cristo conhecidos, nem no presente, nem no passado, e com menos que 0,1% de cristãos.
É um povo que precisa de um trabalho pioneiro transcultural, ou seja, precisam que venham missionários de outras culturas para começar um trabalho.
Veja alguns dados sobre os povos de fronteira:[5]
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751 povos.
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1, 85 bilhões de pessoas (25% da população do mundo)
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85% são hindus ou muçulmanos.
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A maioria são grupos grandes (só 3,5% da população está grupos menores do que 100 mil pessoas).
6. A Bíblia Traduzida
No mundo existem mais de 7.148 línguas, no entanto mais de 4 mil não possuem nenhum trecho da bíblia traduzida, conforme podemos ver na tabela abaixo:[6]
Bíblia Traduzida | Línguas | % |
---|---|---|
Nada | 4215 | 60% |
Porções da Bíblia | 873 | 12% |
Tradução em Andamento | 577 | 8% |
Novo Testamento | 1069 | 15% |
Bíblia Completa | 513 | 6% |
Dados disponíveis no site joshuaproject.net
7. A Janela 10/40
A Janela 10/40 é um termo cunhado pelo missionário cristão estrategista Luis Bush em 1990 para se referir às regiões do hemisfério oriental localizado entre os graus 10 e 40 ao norte do Equador, uma extensa área, que, na época, foi observada por ter o maior nível de desafios socioeconômicos e pela dificuldade de acesso da mensagem cristã e dos recursos do planeta.
Nesta região vive cerca de 60% da população mundial e encontramos 84% dos mais pobres do planeta. Também é ali que estão 97% das pessoas menos evangelizadas e se encontram as maiores megalópoles não alcançadas do mundo.
As religiões que imperam na janela 10/40 são o islamismo, hinduísmo e budismo.
Os países com as maiores populações não cristãs são: China, Índia, Indonésia, Japão, Bangladesh, Paquistão, Nigéria, Turquia e Irã, todos na Janela 10/40.
Os países desta região são considerados com o cinturão da resistência porque muitos de seus governos são contrários ao evangelismo cristão dentro das suas fronteiras.
A perseguição contra os cristãos é severa e faz com que eles sejam impedidos de ter uma Bíblia Sagrada, orar ou frequentar templos cristãos.
Muitos cristãos têm seus templos queimados ou demolidos, outros sofrem severas torturas e ameaças de morte para negarem a fé em Jesus Cristo, enquanto outros s são mortos publicamente, queimados, espancados ou enforcados.
8. A Estratégia Equivocada
Como falamos anteriormente, estima-se que um terço das pessoas do planeta sejam cristãs, incluindo os cristãos nominais (não praticantes). Apesar deste número expressivo de pessoas professando a fé cristã, 29% da população mundial ainda não ouviu falar de Jesus.
Dos cristãos do mundo evangelizado, apenas 1 em cada 1800 atuam como missionários transculturais, sendo que 77,3% destes missionários atuam entre povos que já têm acesso ao evangelho (onde já tem bíblia e igrejas estabelecidas), outros 19,4% estão entre os não evangelizados (onde já existe algum tipo de acesso à igreja e bíblias) e apenas os 3,3% restantes vivem entre os 3,28 bilhões de pessoas que nunca ouviram o nome de Jesus. [6] [7]
Se falarmos em recursos, verificamos que 82% de todas as doações de cristãos são direcionadas ao ministério da igreja local e gastos com a própria congregação local e seus pastores; 6% é destinado a missões específicas, sendo que apenas 1,7% é direcionado para os povos não alcançados.[6]
O vídeo abaixo mostra com clareza como nossa estratégia missionária está equivocada:
As estatísticas apontam para desafios significativos na estratégia missionária e no direcionamento de recursos e nos conduzem a algumas reflexões e apontam mudanças necessárias:
- Direção da Força Missionária: A observação sobre a concentração de missionários em lugares onde já existem cristãos e acesso à Bíblia levanta a questão de como a Igreja está escolhendo ou priorizando os locais de envio de missionários. Seria necessário revisar e ajustar estratégias para garantir um alcance mais equitativo.
- Desafios e Oportunidades: Considerar por que os missionários estão seguindo no sentido oposto das áreas com maior concentração de pessoas sem acesso ao evangelho é essencial. Isso envolve analisar os desafios logísticos, culturais e socioeconômicos envolvidos, bem como as oportunidades que podem ser exploradas.
- Desafiar os Membros da Igreja: A frequência com que a igreja desafia seus membros a dedicarem suas vidas e recursos para tornar o evangelho acessível às pessoas que vivem sem ele é uma reflexão crítica. Isso destaca a importância do engajamento pessoal e financeiro na missão global.
- Alocar Recursos Adequadamente: A reflexão sobre a porcentagem real de recursos direcionados à missão de anunciar o evangelho aos que não têm acesso é crucial. Isso envolve avaliar e realocar os recursos da igreja de maneira que reflitam um compromisso mais forte com a missão global.
9. Direcionando Nossas Orações e Ações
Comprender o Panorama do Cristianismo e da Evangelização Mundial no Século XXI nos ajuda a direcionar nossas orações para que Deus promova as mudanças necessárias e urgentes.
Se não sabe por onde começar, ore como Joshua Bogunjoko, que relata três motivos de oração que estão continuamente no seu coração:[8]
- 1
Que Deus erga os olhos dos líderes da igreja para que possam ver que os campos estão brancos para a colheita;
- 2
Que Deus chame muitos jovens para entregar a vida a serviço daqueles que não têm acesso ao evangelho;
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Por um coração colaborativo entre igrejas e organizações missionárias do Norte e do Sul Global que resulte em um movimento poderoso para levar as boas novas a todos aqueles que ainda esperam ouvi-las.
À medida que entendemos o panorama e enfrentamos os desafios da evangelização no século XXI, compreendemos o quanto é essencial que nos unamos em oração e ação.
Nossa oração, junto com uma Missão mais estratégica pode nos levar a uma distribuição mais equitativa de missionários, a desafiar os cristãos a se dedicarem à missão global e alocar recursos de maneira mais eficaz.
Que possamos colaborar em prol do propósito de Deus de levar as boas novas a todos os povos, para que Ele seja adorado globalmente.
Referências
[1] JOSHUA PROJECT. Status of World Evangelization. Disponível em: https://joshuaproject.net/resources/infographics
[2] ZURLO, Gina A.; JOHNSON, Todd M. O Cristianismo está encolhendo ou deslocando-se? Movimento de Lausanne. Disponível em: https://lausanne.org/pt-br/recursos-multimidia-pt-br/agl-pt-br/2021-03-pt-br/o-cristianismo-esta-encolhendo-ou-deslocando-se
[3] PEW RESEARCH CENTER. Being Christian in Western Europe. Disponível em: https://www.pewresearch.org/religion/2018/05/29/being-christian-in-western-europe/
[4] JOSHUA PROJECT. An overview of Joshua Project’s vision and activities. Disponível em: https://joshuaproject.net/resources/presentations
[5] JOSHUA PROJECT. Entendendo a tarefa missionária remanescente. Disponível em: https://joshuaproject.net/resources/presentations.
[6] JOSHUA PROJECT. Global Mission Trends: major global mission trends and their implications. Major global mission trends and their implications. Disponível em: https://joshuaproject.net/assets/js/ppt/GlobalMissionTrends/index.html
[7] THE TRAVELING TEAM. Missions Stats: the current state of the world. Disponível em: https://www.thetravelingteam.org/stats
[8] JOSHUA BOGUNJOKO. O mundo todo e os não alcançados: orientação prática para os tomadores de decisão. Disponível em: https://lausanne.org/pt-br/recursos-multimidia-pt-br/agl-pt-br/2023-05-pt-br/o-mundo-todo-e-os-nao-alcancados#endnote-4.
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Por: Telmo Ambrosini
Telmo é cirurgião-dentista, especialista em cirurgia buco-maxilo-facial, MBA em Gestão o de Clínicas e Consultórios, Especialista em Marketing Digital, Professor de Italiano com Licenciatura e Bacharelado em Letras Italiano e Mestrando em Educação. Também é autor do livro "E Agora Doutor? O Profissional da Saúde Vencendo no Pessoal e no Profissional" e "Missões com Propósito: Você e a Igreja Local no Propósito Global."